Já parou pra pensar como funciona a distribuição de combustíveis e como seu negócio se encaixa nesse processo?

A cadeia de suprimentos de combustíveis brasileira pode ser rapidamente estruturada da seguinte forma: extração de petróleo (no mar ou em terra), transporte para estoques pulmão das refinarias, refino, transporte para estoques das distribuidoras, vendas das distribuidoras – para postos revendedores ou consumidores finais – , transporte das bases de distribuição para o cliente comprador.

Como o mercado de consumidores finais tem características e necessidades distintas, além da própria distribuidora, há o TRR – Transportador Revendedor Retalhista, cuja especialização, assim como a da distribuidora, é vender combustível. Vale dizer que o TRR compra o diesel da própria distribuidora. Com isso, ele passa a ser um elo adicional na cadeia, e ambos têm o mesmo mercado: o consumidor final (sejam empresas ou pessoas físicas).

Então qual é a diferença entre eles? 

Distribuidoras e TRRs

Podemos tratar o TRR como um agente vendedor e entregador de combustível de pequeno porte, com foco em operações que exigem personalização, ou seja, empresas que utilizarão o combustível para abastecer suas frotas de caminhões, ônibus, máquinas de construção, agricultura, grupos geradores, etc.

Na cadeia brasileira, o consumidor final tem opção de comprar de dois fornecedores distintos: distribuidora ou TRR. No entanto, há algumas regras que precisam ser levadas em conta. A agência regulatória brasileira, ANP (Agência Nacional do Petróleo), apesar de autorizar TRRs a vender pra qualquer consumidor final, independente da sua capacidade de armazenagem, só autoriza as distribuidoras a venderem para consumidores finais que tenham tanques de armazenagem de combustível com capacidade de 15.000 litros ou mais.

Ou seja, se você é uma empresa com frota e precisa adquirir combustível, pode comprar de TRR independente da sua estrutura. Em contrapartida, se quiser adquirir combustível de uma distribuidora, precisa ter pelo menos 15.000 litros de capacidade de armazenagem no seu ponto de abastecimento. 

Por TRRs serem usualmente empresas menores do que as distribuidoras, há chances de você, cliente, ter mais flexibilidade na operação, comunicação e negociação. Muitas vezes você consegue negociar com o próprio dono, e isso é bastante positivo se você tiver necessidades como horários de atendimento específicos, volumes menores, locais de entrega de difícil acesso, ou até mesmo prazos de pagamento mais flexíveis.

Já a distribuidora, por ter um modelo de negócio diferente, pode não estar apta a te atender caso sua operação exija o atendimento dessas restrições. Em contrapartida, se o seu negócio não necessitar tais flexibilizações, ela pode ser o melhor negócio para você. Afinal, as condições junto à distribuidora podem ser mais interessantes, já que estamos falando de alto volume e alta eficiência operacional.

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Mas, afinal, de quem comprar? Veja a seguir características que você pode analisar em sua escolha.

1. Drop

Distribuidoras de combustível são vendedores de combustíveis com capacidade de atender grandes volumes. São empresas com foco nesse tipo de cliente. Já TRRs são opostos. Seu foco está no atendimento de pequenos clientes. Sempre que um sai do seu mercado-foco, pode se mostrar incapaz em algo…

Drop, do inglês, é um termo que significa o volume da entrega. Dele, tem-se o “drop mínimo”, que é o volume mínimo de entrega. Tanto distribuidoras como TRR querem fazer entregas com o volume mais alto possível, em busca de eficiência logística, que se traduz em margens operacionais maiores. 

Para a distribuidora, o volume mínimo chega a ser de 5.000 litros (5 m³) para regiões próximas das suas bases de distribuição. Mas à medida que o destino fica mais distante, o drop aumenta, assim como o frete. O TRR, em contrapartida, como está focado no pequeno cliente, é mais vantajoso para quem possui um volume de compra baixo. Ele consegue fazer tranquilamente entregas com volume de 500, 1000 ou 2000 litros.

2. Veículos de Distribuição de Combustíveis

A distribuição de combustíveis no Brasil, por suas dimensões continentais, demanda em sua cadeia de abastecimento uma enorme infraestrutura, com terminais de armazenagem, oleodutos, hidrovias e, principalmente, rodovias.

Esses volumes que comentamos podem ser entregues por diferentes veículos. Os TTRs costumam utilizar veículos menores do que os utilizados pelas distribuidoras, como os caminhões comboio, comumente chamados de melosa. São veículos-tanque com capacidade de armazenagem de 1000 a 3000 litros de combustível. São de pequeno porte, e por isso conseguem acesso a espaços menores, o que muitas vezes é uma necessidade do cliente, dependendo da estrutura de acesso interna e também externa. Há empresas que ficam em ruas estreitas ou com muitas subidas e descidas no trajeto, o que impossibilita a chegada de um caminhão-tanque do tipo truck de 15.000 litros, que usualmente é o menor veículo que uma distribuidora possui.

Apesar de os principais veículos de entrega dos TRRs serem pequenos, não quer dizer que eles não façam entregas de alto volume, com carretas e bi-trens. É importante você alinhar necessidades com expectativas e avaliar os benefícios para a sua operação.

3. Prazo de Pagamento

Há vários portes de distribuidoras pelo país. 3 delas detêm 70% do mercado, o que faz delas negócios enormes. Assim como todo grande negócio, o oferecimento de crédito pode ser mais burocrático e restritivo. Todo cliente entra na mesma régua de análise, o que muitas vezes pode ser diferente para o TRR, pois pode haver um relacionamento mais próximo entre as partes, e por isso um tratamento personalizado. 

Desta forma, prazos de pagamento mais esticados podem ser uma vantagem do TRR, inclusive como proposta de valor para o cliente, tornando-se um ponto de suporte para ele. É importante, no entanto, manter-se atento para as condições comerciais gerais, e separar remuneração financeira da remuneração operacional quando estiver negociando. Ou seja, além da margem de venda, dentro do seu preço há margem de prazo, que são resultado dos juros do prazo de pagamento que você “ganhou” do seu fornecedor.

É sempre bom ter dois preços no seu radar: a prazo e à vista. A diferença entre eles normalmente é a margem financeira devido ao prazo de pagamento. Dizemos “normalmente” porque a margem operacional pode estar tão alta que o fornecedor não precisa se preocupar em remunerar muito o seu capital. Em casos como esse, dizemos que sua MFL (Margem Líquida Fornecedor) está desajustada, e consequentemente seu preço está muito alto.

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4. Preços e Reajustes

Além das questões operacionais, a questão de preço sem dúvidas pesa na sua decisão. 

Primeiro, vamos contextualizar a precificação no mercado de combustíveis. Como falamos, do poço de petróleo ao tanque, os combustíveis passam basicamente por três etapas:

  • produção
  • distribuição
  • consumo por empresas ou revenda em postos de combustível

O que acontece é que quando há uma redução de preço por parte das refinarias, na etapa de produção, o combustível passa pela distribuição antes de chegar ao posto ou à empresa compradora. E é nesse caminho que parte da redução de preço pode ser anulada, já que as distribuidoras podem não repassar o reajuste.

O TRR, por ser um elo posterior à distribuidora, ou seja, comprar combustível dela, além de possuir menor eficiência logística, pode ter preços maiores. Sua flexibilidade pode custar um pouco mais caro. Sendo assim, o monitoramento das condições comerciais desse fornecedor também é importantíssima para a saúde do seu negócio. Toda a cadeia precisa ser remunerada pela sua atividade, mas é imprescindível buscar o equilíbrio disso.

Por fim, podemos dizer que existem vantagens e desvantagens nas aquisições de combustível tanto de TRR como de distribuidoras. O importante é você conhecer todas as opções de distribuição de combustíveis e cruzá-las com as suas necessidades, para assim decidir o que é melhor para o seu negócio. 

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